terça-feira, 5 de junho de 2018

Primeiros Socorros - Uma introdução


cruz_pixabay
Fonte: Pixabay


Precisamos falar sobre primeiros socorros!

Tenho contato com vários pessoas diferentes, com culturas  e níveis de escolaridade diferentes e o que mais me preocupa é a falta de informações de primeiros socorros. Coisas como passar pasta de dente em queimadura e fazer torniquete ainda aparecem por aí...

O artigo é extenso, porém, é um mal necessário. Primeiro precisamos entender como abordar a vítima. Depois o que fazer em alguns casos. Ao final, como proceder com alguns animais peçonhentos e uma sugestão para montar um kit de primeiros socorros!



Telefones úteis ☎

Antes de começar decore estes telefones! Anote e cole no aparelho de telefone fixo, nos contatos do celular, na porta da geladeira, principalmente se houver crianças e idosos em casa, mas, que esteja em um local visível e de fácil acesso em caso de emergência:

190 – Polícia Militar – Qualquer risco, ameça e vida, denúncia de roubo.
192 – SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) - Urgências Clínicas.
193 – SIATE/Bombeiros (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência).
199 – Defesa Civil – Presta assistência a população em caso de desastres. Ex. Enchente.

reg_pixabay
Fonte: Pixabay


Parte I - O que são os primeiros socorros?


Basicamente primeiros socorros são os cuidados prestados a uma pessoa, com o objetivo de garantir suas funções vitais até que receba assistência médica.

O Prestador de socorro pode ser qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento capaz de atender a vítima até a chegada do socorro. Já o Socorrista é um o profissional qualificado que atua por alguma instituição como o Corpo de Bombeiros, SAMU, entre outras, para melhor atender a vítima.


Atendimento inicial à vítima de trauma (AIVT)

O objetivo do AIVT é identificar riscos a vida da vítima e providenciar os cuidados necessários: Imobilização, Remoção e Acionamento de serviços de apoio (Bombeiros, serviços de energia elétrica, entre outros).

Os passos iniciais no atendimento à vítima são:Controle de cena: O controle da cena tem por objetivo a segurança da vítima e de quem vai atendê-la. É necessário eliminar qualquer possibilidade de risco para todos. Coisas como
fogo, fios elétricos caídos, explosões, materiais perigosos (incluindo sangue e outros fluídos corporais), trânsito de veículos, inundações, armas de fogo, facas, objetos cortantes, muito calor ou frio, etc. O mais importante aqui é não se tornar mais uma vítima do acidente.


Os procedimentos adotados neste caso são:


1-Sinalizar o local do acidente (Principalmente em vias públicas);
2-Acionar os serviços necessários (Ex. Bombeiros, SAMU, Viapar ou similares);
3-Isole a área de risco;
4-Somente após garantir a segurança é possível iniciar o atendimento;

Avaliação primária: Aqui queremos saber à condição da vítima, verificando as Vias aéreas, Respiração, Circulação e reanimação.

Depois de executar o controle da cena, o socorrista deve aproximar-se pelo lado que a vítima está olhando, pois, isto evita que ela se movimente.

Você deve Imobilizar a cabeça da vítima e perguntar como ela está, tente tranquilizá-la e pergunte o que aconteceu (Se ela responder significa que está consciente, orientada e com as vias aéreas desobstruídas). A seguir executa-se o protocolo A-B-C:


A) Via aérea com controle cervical: As vias aéreas são o caminho que o ar percorre até os pulmões. Aqui verifica-se se existe algum obstáculo neste caminho, podendo ser um sólido (Dente, comida, objetos) ou líquido (Sangue, vômito). Se a vítima estiver inconsciente é indicada a manobra de inclinação da cabeça e a elevação do queixo (Cuidado com a coluna cervical).

A obstrução das vias respiratórias pode ser parcial ou total. No caso da obstrução parcial a respiração pode ser ruidosa, difícil e acompanhada de tosse. Na obstrução total, a vítima não consegue falar, respirar ou tossir. A ausência de ar nos pulmões leva a perda de consciência, a vítima pode apresentar coloração cinza-azulada e se não houver atendimento a vítima morre.

Em caso de engasgo e a vitima estiver sem forças para tossir, pergunte se pode ajudar, chame o resgate (192 ou 193) e realize a manobra de Heimlich.

Para a desobstrução de vias aéreas de lactentes (Bebês de até 1 ano de vida), existe uma manobra específica. Chame o resgate, mas, pesquise por vídeos da execução desta manobra.

B) Respiração: Para verificar se a vitima está respirando, aproxime seu ouvido da boca/nariz da vítima, com as vias aéreas desobstruídas e:

1-Observe se o tórax se movimenta (Ver);
2-Ouça a saída de ar na expiração (Ouvir);
3-Sinta se há fluxo de ar (Sentir);

A vítima só consegue falar se o ar passar pelas cordas vocais, portanto, se ela responder as vias aéreas estão desobstruídas (A e B resolvidos). Se a respiração estiver difícil, repita a desobstrução e se a vitima parar de respirar, iniciar a respiração artificial.

C) Circulação e controle de grandes hemorragias: Aqui o objetivo é verificar se há sinais de circulação sanguínea e a presença de grandes hemorragias. Você pode avaliar por meio do pulso radial ou (o menos indicado) pulso carotídeo (Pesquise por vídeos).

Se não houver sinais de circulação inicie manobras de reanimação cardiopulmonar. Também controle os pontos de sangramento externo evidentes, mediante compressão dos ferimentos ou aplicação de curativos compressivos.

Reanimação cardiorrespiratória: A parada cardiorrespiratória (PCR) é a cessação repentina dos batimentos cardíacos e dos movimentos respiratórios. A vítima pode iniciar com parada respiratória e caso não seja atendida, evoluir para parada cardíaca (Ou a parada cardíaca pode ser o primeiro sinal, com consequente parada respiratória).

Este tipo de emergência é frequente e depende de um conjunto de medidas chamadas de “Corrente de sobrevivência”:

1-Reconhecimento imediato dos sinais;
2-Acionamento precoce de um serviço de emergência;
3-Início da reanimação cardiorrespiratória e chegada rápida do serviço de atendimento pré-hospitalar;

A circulação sanguínea deve ser restabelecida num período máximo de 4 minutos, caso contrário se instalam alterações irreversíveis nos tecidos, principalmente no tecido nervoso (um dos mais sensíveis a falta de oxigênio).

Sinais de parada cardiopulmonar: Inconsciência (Vítima não responde); Ausência de batimentos cardíacos; Ausência de movimentos respiratórios.


pcr_pixabay
Fonte: Pixabay


Sequência da RCPAs diretrizes de 2010 recomendam a sequência C-A-B (Compressões torácicas, vias aéreas, respiração), pois as compressões devem ser iniciadas o mais rápido possível para manter o ritmo cardíaco (Posterior uso do desfibrilador) e manter o sangue oxigenado em circulação.

Parte II – Como proceder em algumas situações


1) Asfixia: É a dificuldade ou parada respiratória, podendo ser provocada por várias causas.  Se manifesta como atitudes que caracterizem dificuldade na respiração; Ausência de movimentos respiratórios; Inconsciência; Cianose (lábios, língua e unhas arroxeadas); Midríase (pupilas dilatadas); Respiração ruidosa; Fluxo aéreo diminuído ou ausente.

2) Afogamento: É a asfixia provocada pela imersão em meio líquido. Geralmente ocorre por câimbra, mau jeito, onda mais forte, inundação ou enchente e por quem se lança na água sem saber nadar. O sujeito apresenta agitação, dificuldade respiratória, inconsciência, parada respiratória e parada cardíaca.

Recomenda-se retirar a vítima da água utilizando material disponível (corda, boia, remo, etc.); Em último caso e se souber nadar muito bem (muito bem mesmo),  tente o salvamento aquático (Ou espere pelo resgate).

3) Cãibra: É uma contração muscular espasmódica, vigorosa, involuntária e dolorosa de um ou mais músculos, podendo ocorrer durante o exercício ou em repouso. A cãibra apresenta dor e contratura (a musculatura não volta para a posição original) no local. Recomenda-se alongar o músculo atingido. Aplicar compressa quente no local e se necessário massagear o local.

4) Distensão Muscular: É uma lesão provocada pelo estiramento do músculo (rompimento de fibras musculares), ou parte dele, por movimento brusco e/ou violento. Apresenta dor intensa à movimentação e edema (inchaço) no local.

Recomenda-se NÃO movimentar a região lesionada (se necessário fazer uma bandagem para sustentar a estrutura ou imobilizar a região). Aplicar compressas geladas ou gelo no local. É importante consultar um médico.

5) Desmaio ou Síncope: Perda de consciência de curta duração que não necessita manobras específicas de recuperação, ou seja, geralmente a pessoa se recupera espontaneamente. Ocorre devido à diminuição da circulação e oxigenação cerebral.

A causa mais frequente do desmaio é a queda da pressão arterial e acontece normalmente quando a pessoa está em pé, em consequência de:

1-Ambientes com muitas pessoas, sem uma adequada ventilação;
2-Emoções fortes;
3-Fome;
4-Queda do nível de açúcar (glicose) no sangue;
5-Insolação e calor excessivo;
6-Dor intensa e súbita;
7-Punção venosa;
8-Cenas com sangue;

Sinais e sintomas: A pessoa pode apresentar-se pálida, com extremidades frias e respiração suspirosa. Após alguns minutos ocorre tontura, visão embaçada e súbita perda de consciência.

Tratamento

Se a pessoa ainda não desmaiou: Sentá-la numa cadeira e pedir para que ela coloque a cabeça entre as coxas e pressionar a nuca para baixo com a palma da mão. Esse movimento fará com que aumente a quantidade de sangue e oxigênio no cérebro.

Se a pessoa já desmaiou: 


1-Se estiver em ambiente mal ventilado ou lotado, providenciar a remoção para local mais apropriado;
2-Manter a pessoa deitada, preferencialmente com a cabeça abaixo do corpo; elevar os membros inferiores a cerca de 20cm. Com isso o sangue circula em maior quantidade no cérebro;
3-Virar a cabeça para o lado, evitando que ela venha a se asfixiar;
4-Liberar vestimentas apertadas;
5-Mantê-la deitada por alguns minutos mesmo depois de recuperada. O mesmo em relação a deixá-la caminhar sozinha imediatamente após o desmaio. Faça-a sentar e respirar fundo, após auxilie-a a dar uma volta, respirando fundo e devagar. Com isso o organismo se readapta a posição vertical e evita que ela possa desmaiar novamente, o que pode ocorrer se ela levantar bruscamente.
6-Após o desmaio ter passado, não dê água imediatamente para evitar que a pessoa se afogue, pois ainda não está com seus reflexos recuperados totalmente.
7-Informar-se sobre a história da pessoa (Doenças, medicamentos em uso, etc).
8-Na maior parte das vezes, não há necessidade de levar a pessoa ao hospital.



dummy_pixabay
Fonte: Pixabay


6) Crise convulsiva: A convulsão é uma desordem temporária do cérebro. Durante um breve período de tempo, o cérebro deixa de funcionar normalmente, passando a enviar estímulos desordenados para o resto do corpo, provocando as crises convulsivas, também conhecidas como “ataques”.

Traumatismo cranioencefálico, infecções, parasitoses (principalmente neurocisticercose), malformações e tumores cerebrais e abuso de drogas e álcool são as causas mais comuns de convulsão em adultos. Em crianças, a causa mais frequente é febre, e geralmente é um processo benigno. Quando a pessoa apresenta crises convulsivas repetidas ao longo de sua vida, caracteriza-se, então, como epilepsia. Essa doença não é contagiosa.

A convulsão pode ou não ser precedida de algum sintoma que avisa que ela está se iniciando. A crise se caracteriza pela perda súbita de consciência, às vezes precedida de um grito. O paciente cai no chão, fica durante um período com o corpo rígido e, a seguir, inicia um período de movimentos com tremor da face, tronco e membros. O tremor vai diminuindo, até que o paciente fique completamente imóvel.

A convulsão demora em média de 3 a 5 minutos e é seguida por um período de inconsciência. Após alguns minutos, a consciência vai voltando aos poucos, registrando-se, geralmente, um período curto de confusão mental, dor de cabeça e sonolência. Durante a crise, a pessoa pode cair e se ferir, morder a língua ou ainda apresentar salivação abundante e liberação involuntária de urina e fezes.

Se as crises duram muito tempo (crises prolongadas, ou crises seguidas sem recuperação de consciência), com duração igual ou superior a 30 minutos, se caracterizam uma emergência clínica, podendo, nesse caso, haver risco de morte. Assim, a pessoa deverá ser encaminhada ao hospital, pois poderá ocorrer dano ao cérebro, são as chamadas crises subentrantes ou estado de mal epiléptico, porém, a maioria das crises não provoca dano algum, pois são de curta duração e autolimitadas.

Tratamento

1-Manter-se calmo e procurar acalmar os demais;
2-Colocar algo macio sob a cabeça da pessoa protegendo-a;
3-Remover das proximidades objetos que possam ferir a vítima;
4-Afrouxar a roupa, deixando o pescoço livre de qualquer coisa que o incomode;
5-Girar a cabeça do paciente para lado, para que não ocorra asfixia – desde que não haja qualquer suspeita de trauma raquimedular;
6-Não tente abrir sua boca com a mão ou algum objeto;
7-Não introduzir nada pela boca, também não prender a língua com colher ou outro objeto (Não existe perigo algum de o paciente engolir a própria língua);
8-Não tente fazer a pessoa voltar a si, lançando-lhe água ou obrigando-a a beber;
9-Não o agarrar na tentativa de mantê-lo quieto;
10-Em caso de ataque prolongado, seguido de outros, ou a pessoa não recupere consciência ou, ainda, for gestante, diabética, ou se machucar, deve-se encaminhá-la o mais rápido possível ao hospital;
11-Ficar ao lado da pessoa até que a respiração volte ao normal e ela se levante;
12-Não coloque nada na boca;
13-Procure por identificadores de alerta médico;
14-Cronometre o tempo de convulsão com um relógio;
15-Não contenha o paciente à força;
16-Quando a crise passar, ofereça ajuda;
17-Proteja a cabeça, remova os óculos;
18-Afrouxe roupas apertadas;
19-Vire o paciente de lado;

7) Entorse: É a separação MOMENTÂNEA das superfícies ósseas de uma articulação, com comprometimento ligamentar. Apresenta dor intensa à movimentação, edema (inchaço), perda da mobilidade local e deformidade da articulação (pelo inchaço).

caco_pixa
Fonte: Pixabay

8) Ferimentos: Chama-se ferimento qualquer lesão da pele produzida por traumatismo, em qualquer tipo de acidente. Os ferimentos podem apresentar dor e sangramento. Os ferimentos são classificados em fechados ou abertos.

Ferimentos fechados ou por contusões: São lesões produzidas por objetos contundentes que danificam o subcutâneo com extravasamento de sangue, sem romper a pele. Podem ser:

Equimose: Sinal arroxeado na pele, consequência de uma contusão, sem inchaço no local. Ex. Olho roxo.
Hematoma: Sinal arroxeado com inchaço no local. Ex. “Galo” na cabeça.

Ferimentos abertos ou feridas: Diz-que um ferimento é aberto quando rompe a pele, expondo tecidos internos, geralmente com sangramento. As feridas podem ser incisivas ou cortantes, produzidas por objetos cortantes, afiados (Bisturi, faca, estilete).

Feridas por Contusões: Resultam de objeto com superfície romba (instrumento cortante não muito afiado tipo, pau, pedra, soco, etc.) e que atinge a superfície do corpo com alta energia, rompendo a pele. Recomenda-se não movimentar a região lesionada (Se necessário imobilizar) e aplicar compressas frias ou saco de gelo no local.

Feridas perfurantes: O objeto que as produz é geralmente fino e pontiagudo, capaz de perfurar a pele e os tecidos. Ex: Ferimentos por arma de fogo e arma branca.

Feridas penetrantes: O objeto atinge uma cavidade natural do organismo, geralmente tórax ou abdome.

Feridas transfixantes: Constituem uma variedade de ferida perfurante ou penetrante. O objeto é capaz de penetrar e atravessar os tecidos ou determinado órgão em toda a sua espessura.

Escoriações ou abrasões: Produzidas pelo atrito de uma superfície áspera e dura contra a pele. Atinge somente a pele. Frequentemente contem partículas de corpo estranho (Cinza, graxa, terra).

Cuidados com a vítima de ferimentos

O atendimento pré-hospitalar dos ferimentos possui três objetivos principais:

1-Proteger a ferida contra o trauma secundário;
2-Conter sangramentos;
3-Proteger contra infecção;

Como orientação geral, lave o ferimento com água corrente ou soro fisiológico, para remover partículas de corpo estranho, e, a seguir, cubra com gaze estéril.

Nas escoriações: Lave com água corrente ou soro fisiológico, sem provocar atrito. Se disponível, instile uma solução antisséptica antes do curativo. Recubra a área escoriada com gaze estéril, fixando-a com fita adesiva ou, em área muito grande, com atadura ou bandagem triangular.

Nas feridas incisivas: Aproxime e fixe suas bordas com um curativo compressivo, utilizando atadura ou bandagem triangular.

Nas feridas lacerantes: Controle o sangramento e proteja-as com uma gaze estéril firmemente pressionada. Lesões graves podem exigir a imobilização da parte afetada. Todos os ferimentos extensos ou profundos devem ser avaliados em hospital.

Orientações gerais sobre alguns ferimentos

Ferimentos na cabeça: Uma vítima que apresente ferimento na cabeça, dependendo do mecanismo de lesão que os causou, pode apresentar lesão cerebral (traumatismo craniano).

Os sintomas podem ser imediatos ou não, exigindo que se fique atento a possíveis alterações nas condições da vítima como:
1-Perda de consciência por instantes ou diminuição progressiva da consciência (Desorientação, sonolência, coma);
2-Dor de cabeça, náuseas, vômito;
3-Sangramento ou saída de líquido pelo nariz e/ou ouvidos.

Quando o cérebro é lesado, ele reage com um edema (inchaço), como qualquer outro tecido. Os centros de controle da respiração e outros centros vitais podem ficar prejudicados pelo edema. Nesse caso, deve-se prestar o seguimento atendimento:

1-Prestar atenção ao A-B-C;
2-Manter as vias aéreas com controle cervical;
3-Controlar as hemorragias presentes;
4-Observar o nível de consciência da vítima;
5-Evitar mexer com a vítima;
6-Proteger com gaze ou pano limpo, sem apertar a ferida;
7-Se apresentar vômito, proceder ao rolamento lateral em bloco (Para não aspirar);
8-Se houver sangramento ou saída de líquido pelo nariz ou ouvido, não tentar conter a saída desse líquido;
9-Chamar o Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar ou conduzir a vítima para um hospital;

Ferimentos no tórax: A caixa torácica é formada por costelas, vértebras torácicas e o esterno. Envolve os pulmões, coração, grandes vasos e esôfago.

Qualquer traumatismo no tórax pode resultar em dano a esses órgãos. Se um ferimento colocar em comunicação a parte interna da cavidade torácica com a atmosfera do meio ambiente, o mecanismo da respiração fica comprometida. Assim, devem-se tomar os seguintes cuidados:

1-Colocar uma proteção (gaze, plástico, esparadrapo) sobre o ferimento no final da expiração, para evitar entrada de ar no tórax;
2-Fixe o material usado para proteção com cinto ou faixa de pano, firmemente;
3-Não apertar muito o local do ferimento para não prejudicar a respiração;
4-Acionar o Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar ou conduzir a vítima para um hospital;
5-Não retirar objetos que estejam empalados. Imobilizá-lo com o curativo e providenciar rapidamente o transporte da vítima ao hospital;

Ferimentos no abdome: Os ferimentos profundos na região de abdome podem atingir qualquer órgão abdominal interno, inclusive com exteriorização das vísceras, principalmente das alças intestinais. Cuidados no atendimento:

1-Evitar ao máximo mexer na vítima.
2-Não remover objetos que estejam empalados.
3-Não tentar recolocar os órgãos para dentro do abdome.
4-Cobrir os órgãos com gaze, compressa ou pano limpo, úmidos.
5-Manter o curativo preso com ataduras não muito apertadas.
6-Em caso de amputação, faça a compressão no coto para conter o sangramento.

rx_pixabay
Fonte: Pixabay


9) Fraturas: Chama-se fratura qualquer interrupção na continuidade do osso provocada por trauma. As fraturas podem ser classificadas como:

Fraturas fechadas: A pele se mantém integra, não havendo conexão entre o osso quebrado e a superfície externa do corpo.

Fraturas abertas: A fratura comunica-se como meio externo, a pele é rasgada ou aberta pela mesma força que quebra o osso ou pela força que faz o osso perfurar a pele. É situação de urgência pelo risco de infecção.

Tanto as fraturas abertas como as fechadas podem resultar em séria perda de sangue. As abertas produzem hemorragias externas; as fechadas, hemorragias internas. Dependendo da quantidade de sangue perdido, há risco também de choque hipovolêmico, quadro comum, por exemplo, nas fraturas de fêmur.

Sinais e sintomas das fraturas:
1-Dor;
2-Impotência funcional (A fratura impede movimentos do segmento fraturado);
3-Deformidade do segmento fraturado;
4-Aumento de volume (Por edema ou sangramento);
5-Crepitação (Causada pelo atrito dos fragmentos ósseos fraturados – não provocá-la intencionalmente);

Cuidados gerais no atendimento das fraturas:

1-Se não existe um serviço de atendimento de emergências próximo ao acidentado, imobilizar as fraturas para transportá-lo de modo mais confortável e cuidadoso;
2-Não mover o acidentado até que as fraturas estejam imobilizadas, exceto se estiver perto de fogo, com perigo de explosões, etc. Nesses casos, resgatá-lo no sentido do maior eixo do corpo;
3-Aplicar uma leve tração enquanto proceder à imobilização, mantendo-a até que a tala esteja no lugar;
4-Imobilizar as fraturas, incluindo a articulação proximal e distal;
5-Em fraturas abertas, controlar o sangramento e cobrir a ferida com curativo limpo antes da imobilização (não limpar a ferida);
6-Se houver exposição óssea (fratura exposta), não tente colocar o osso no lugar;
7-Se houver fratura em joelho, tornozelo, punho e cotovelo, não tentar retificar a fratura. Imobilizar na posição da deformidade que se encontra;
8-Deixar firmes as talas, mas, não apertadas a ponto de interferir na circulação;

Cuidados específicos nas fraturas de crânio: Fraturas de ossos da cabeça podem ser graves pelo risco de lesão cerebral. Podem ser sinais e sintomas de fratura de crânio:
1-Tontura, desmaios;
2-Perda de consciência;
3-Sangramento pelo nariz, boca e/ou ouvido e alteração de pupilas;

Além da abordagem primária, com atenção ao A-B-C, os cuidados a serem tomados incluem:
1-Manter a vitima deitada, quieta;
2-Proteger a ferida, cuidando para não comprimir o local;
3-Acionar o Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar ou transportar a vítima para um hospital.

Cuidados específicos nas fraturas de coluna: Fraturas de coluna acontecem por acidentes. O conhecimento do mecanismo de lesão é importante na suspeita de fraturas de coluna. Essas fraturas podem ser simples ou envolver outras estruturas, geralmente a medula espinal, responsável pela condução de impulsos nervosos do cérebro para as extremidades.

Sinais e sintomas de lesões medulares compreendem: A perda total ou parcial dos movimentos nas extremidades (Paralisia ou paresia) e/ou perda total ou parcial da sensibilidade nas extremidades (Anestesia ou parestesia).

É importante que, no primeiro atendimento, a vítima não seja manipulada de maneira brusca e intempestiva. Nas localidades onde exista Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar, este será o responsável pelo manuseio e a remoção da vítima com suspeita de lesão de coluna. A remoção desse tipo de vítima de maneira inadequada pode resultar em lesões irreversíveis.

Cuidados específicos nas fraturas de pelve: As fraturas de pelve (bacia) devem ser consideradas graves, considerando a possibilidade de perfuração de estruturas importantes, como bexiga, intestinos ou outros órgãos. 

A vítima pode apresentar sinais de choque por perda de sangue (externo ou interno), dor intensa e falta de movimentos de membros inferiores. Cuidar para não rolar a vítima, erguendo-a para colocá-la sobre a tábua de transporte.

A imobilização é feita com acolchoamento entre as coxas e enfaixamento de coxas e pernas juntas, com bandagens triangulares. Realizar a abordagem primária (A-B-C) e acionar, imediatamente o Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar ou transportar a vítima para um hospital.

Cuidados específicos nas fraturas de fêmur: As fraturas de fêmur (Coxa) geralmente produzem sangramento considerável, que pode levar inclusive ao choque hipovolêmico.

Além dos passos da abordagem primária (A-B-C), os cuidados incluem os seguintes:
1-Manter a vítima deitada e aquecida;
2-Colocar a perna em posição mais próxima do normal, mediante leve tração (não fazer tração se a fratura for exposta);
3-Manter a tração durante a imobilização, para reduzir a dor;
4-Imobilizar com duas talas acolchoadas, fixando-as com bandagens;
5-Se a fratura for exposta, fazer o curativo para o controle da hemorragia antes da imobilização, tomando o cuidado de não introduzir fragmentos ósseos novamente para dentro da pele;
6-Acionar imediatamente o Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar se existir ou transportar a vítima para um hospital;

pot_pixabay
Fonte: Pixabay


10) Hemorragia: É o extravasamento de sangue os vasos sanguíneos através de uma ruptura nas suas paredes. A hemorragia pode ser classificada em:

Externa: Visível porque extravasa para o meio ambiente.
Interna: O sangue extravasa para o interior do próprio corpo, dentro dos tecidos ou cavidades naturais.

Conforme o tipo de vaso sanguíneo lesado, considera-se a hemorragia mais ou menos grave:

Hemorragia arterial: Perda de sangue de uma artéria. O sangue é de coloração viva, vermelho claro e derramado em jato, conforme o batimento cardíaco. Geralmente é rápida e de difícil controle.
Hemorragia venosa: Perda de sangue por uma veia. Sangramento de coloração vermelho-escuro, em fluxo contínuo com baixa pressão. Considerada grave se a veia comprometida for de grosso calibre.
Hemorragia capilar: Sangramento por leito capilar. Flui de diminutos vasos da ferida. De coloração avermelhada, menos vivo que o arterial, é facilmente controlado.

Sintomas de hemorragia
A hemorragia externa é facilmente reconhecida por ser visível. Geralmente o sangue se exterioriza por algum ferimento ou orifício natural do corpo (Boca, nariz, ânus, vagina).

A hemorragia interna não se exterioriza, sendo difícil, muitas vezes identificar o local da perda de sangue.

Sinais que levam a suspeitar de hemorragia interna:
1-Mecanismo de lesão: Os traumas por contusão são as principais causas de hemorragia interna (acidentes de trânsito, quedas, chutes e explosões);
2-Sinais de fratura da pelve e ossos longos (Braços, fêmur) – O extravasamento de sangue nos tecidos moles ao redor da fratura pode provocar hemorragias severas;
3-Rigidez de abdômen;
4-Área extensa de contusão (Equimose) na superfície do corpo;
5-Ferida penetrante em crânio, tórax ou abdome;

Controle da hemorragia externa: O sangramento externo geralmente é de fácil controle.

Os métodos utilizados são:
1-Pressão direta sobre o ferimento: Quase todos os casos de hemorragia externa podem ser controlados pela aplicação de pressão direta na ferida, o que permite a interrupção do fluxo de sangue e favorece a formação de coágulo. Preferencialmente, usar compressa estéril, pressionando firmemente por 10 a 30 minutos. Em seguida, fixar a compressa com bandagem. Em sangramento profuso, não perder tempo e localizar uma compressa – faça a pressão direta com um pano limpo ou toalha.

2-Elevação da área traumatizada: Quando se eleva uma extremidade de forma que ela fique acima do nível do coração, a gravidade ajuda a diminuir o fluxo de sangue. Aplicar este método simultaneamente ao da pressão direta. Não o utilizar, porém, em caso de fratura, luxações ou de objetos empalados na extremidade.

3-Pressão digital sobre o ponto de pulso: Usar a pressão sobre o pulso de artéria quando os dois métodos anteriores falharam ou não se tem acesso ao local do sangramento (Esmagamento, extremidades presas em ferragens). Essa pressão é aplicada com os dedos sobre os pontos de pulso de uma artéria contra uma superfície óssea. É necessário habilidade do agente e conhecimento dos pontos exatos de pressão das artérias. Os principais pontos: Artéria braquial – para sangramento de membros superiores; Artéria femoral – Para sangramento de membros inferiores; Artéria temporal – Para sangramento de couro cabeludo.

4-Aplicação de gelo: O uso de compressas frias ou bolsas de gelo nas contusões previne a equimose (mancha roxa). Evitar, no entanto, o uso prolongado, pois pode diminuir a circulação, causando lesões de tecidos.

Controle de hemorragia interna: O tratamento da hemorragia interna só pode ser feito em ambiente hospitalar.

As medidas de atendimento inicial consistem em:
1-Abordar adequadamente a vítima, prestando atenção ao A-B-C;
2-Aquecer a vítima com cobertores;
3-Não lhe dar nada para comer ou beber;
4-Imediatamente acionar o Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar ou conduzir a vítima a um hospital.

Choque hipovolêmico: As hemorragias (externas ou internas) graves, com grande perda de volume sanguíneo, podem levar à situação denominada choque hipovolêmico (Choque por perda de sangue). Esta é uma situação grave, com perigo de morte.

Os sinais que podem sugerir choque por hemorragia severa:
1-O pulso se torna fraco e rápido;
2-Pele fria e úmida (Pegajosa);
3-Pupilas dilatadas;
4-Vítima ansiosa, inquieta e com sede;
5-Náusea e vômitos;
6-Respiração rápida e profunda;
7-Perda de consciência e até parada cardiopulmonar;

*A decisão de interrompera RCP por irreversibilidade do quadro é de competência exclusiva do médico.

**Sangramento no nariz: Apenas comprimir o nariz, caos necessário aplique compressas frias no nariz e na face.

11) Luxação: A luxação é o deslocamento da extremidade de um osso  da articulação, com comprometimento de vários componentes articulares, podendo ser fechadas ou abertas. Apresenta dor aguda, edema, deformação visível da articulação e impossibilidade de movimentação.

fire_pixabay
Fonte: Pixabay


12) Queimaduras: Queimaduras podem ser causadas por calor, frio, produtos químicos, radiação, eletricidade. As queimaduras são divididas em:

1º Grau: Apresenta menos riscos, pois, atinge apenas as camadas superficiais da pele. Apresenta vermelhidão no local, inchaço e dor suportável. Não surgem bolhas.
2º Grau: Ocorre uma destruição maior da epiderme e derme. A pele fica avermelhada, com bolhas, manchada ou com uma coloração variável. Há dor, inchaço, desprendimento de camadas da pele.
3º Grau: Neste caso há uma destruição total de todas as camadas da pele. Apele fica branca com aspecto de couro ou carbonizada. Na queimadura de 3 grau, somente irrigar, não remover roupas e objetos.

O que fazer?

Remova a fonte de calor; deixe escorrer água fria, corrente, sobre a lesão por 10 minutos (não coloque gelo). Remova roupas e objetos da vítima que possam atrapalhar a circulação no local. Após estes procedimentos, envolva a região com uma compressa úmida e limpa, para proteger a área de infecção. Não estoure bolhas, isso reduz a dor e acelera a cicatrização. Não coloque pasta de dente, pomadas, ovo, manteiga entre outras coisas na queimadura.
** Queimadura nos olhos: Irrigar por alguns minutos e depois vendar os olhos.


snake_pixabay
Fonte: Pixabay


Animais peçonhentos


Serpentes (cobras): Não faça cortes, perfurações, torniquetes, nem aplique produtos na lesão.

Gênero Bothrops - Jararaca, urutu, jararacuçu.
Sinais e sintomas: Local - Inchaço, vermelhidão, dor - evolui equimose até necrose. Geral - Náusea, vômito, sudorese, diminuição PA, choque, hemorragias, insuficiência renal aguda.
 
Gênero Crotalus - Cascavel
Sinais e sintomas: Local - Quase ausentes, inchaço, pouca dor ou formigamento. Geral - Dor de cabeça, náusea, prostração, sonolência, turvação de vista, dificuldade para deglutir, dores musculares.
 
Gênero Micrurus - Coral
Sinais e sintomas: Local - Quase ausentes. Geral - Náusea, vômitos, prostração, sonolência, perda de equilíbrio, fraqueza muscular, paralisia flácida podendo chegar a parada respiratória.

Atendimento
1-Lave o local da picada com água e sabão;
2-Mantenha o paciente calmo e imóvel;
3-Transporte ao hospital;
4-Levar a cobra, se possível, para poder identificá-la e escolher o soro mais adequado.


Aranhas
Aranha marrom (Loxosceles)

Sinais e sintomas: Local - Passa desapercebida por 6 a 12 horas. Após, inchaço, vermelhidão e dor. Ulceração e necrose após 72 horas. Geral (Raros): náusea, vômitos, urina escura e insuficiência renal.

Escorpiões
Sinais e sintomas: Local - Dor intensa. Geral - Sudorese intensa, lacrimejamento, tremores musculares, pulso lento, diminuição da PA, pode levar ao choque.

Lagartas (Taturanas)
Sinais e sintomas: Local - Dor em queimação, vermelhidão, inchaço e calor local. Geral - Dor de cabeça, náusea, vômitos dor articular. Pode evoluir para hemorragias insuficiência renal e morte.

Atendimento
1-Lave o local da picada com água e sabão;
2-Aplique compressa fria sobre a lesão;
3-Mantenha o paciente calmo;
4-Transporte ao hospital; 
5-Levar o animal, se possível;


kit_pixabay
Fonte: Pixabay


Como montar um Kit de primeiros socorros?

Você precisa adquirir os seguintes itens:
  • Antisséptico para feridas;
  • Soro fisiológico (para limpar machucado);
  • Água oxigenada
  • Algodão
  • Analgésico (Ex. Paracetamol, aspirina, ibuprofeno);
  • Antitérmico (Ex. Aspirina, ibuprofeno);
  • Anti-histamínico (Ex. Histamin ou Cetirizina);
  • Antidiarreico (Ex. Imosec);
  • Aparelho digital para medir a pressão arterial;
  • Ataduras/Atadura elástica;
  • Curativo tipo Band-aid;
  • Bolsa térmica de gel "Quente-Fria" reutilizável;
  • Colírio lubrificante;
  • Fita microporosa;
  • Gaze esterilizada;
  • Hastes de algodão flexíveis;
  • Lanterna;
  • Luvas descartáveis;
  • Pinça;
  • Pomada para queimadura (Ex. Nebacetin);
  • Termômetro;
  • Tesoura sem ponta;
  • Uma maleta ou nécessaire para guardar;

Referências
 
Corpo de Bombeiros do Estado do Paraná – Material Didático. Disponível em: <http://www.bombeiros.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=87> Acesso em: 04/06/2018.

SILVEIRA, Elzio Teobaldo Da. MOULIN, Alexandre Fachetti Vaillant. Socorros de Urgência Em Atividades Físicas: Curso Teórico-Prático. 6. ed. CREF7, 2006.

Socorros de Urgência – Manual de Procedimentos – Módulo V. Governo do Estado Paraná. Casa Militar da Governadoria. Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. Brigadistas Escolares – Defesa Civil Na Escola. 2013.